Epílogo

Na boca recortada,

Fica aquele sorriso,

Perene, pausado, ditoso,

Purificante gravado pelo beijo.

Fica o aroma,

Sabor de tantos verões,

Gosto de vento seco.

Na boca o feitiço,

Laços, cordéis de chuva fina,

Garoa, vento, neblina,

Cercando algures,

Criando, fantasiando a vida.

Na boca, a boca roga,

Quase implora, rola no rosto de tantas,

Faminta busca manhãs frescas,

Adormecendo nas noites,

Noites férteis viciadas no tempo.

Ah, face oculta que adormece,

Que finge, ignora,

Excita em bordar no rosto,

Circular nas folias,

Batizar por mais uma vez,

A pele, a tez,

O bronze marcado,

Que chama, quer, abusa do pecado.

Ah, boca sonora,

Que se fez cedo um viajante,

Magoando o espaço com ruídos,

Cânticos de despedida,

Na pausa do sorriso perene.