Janela de Maio

Na janela, em Maio,

ao amanhecer,

aguardando quem sabe

aparecer,

o homem que fará

nosso caminho.

Um frio do corpo,

ligado ao frio do clima,

escrito no orvalho das folhas,

no pesar das flores minúsculas,

nos insetos recolhidos.

O som da música no quarto,

o som do carro na rua,

na janela, dividindo o ouvido,

entre o que é de dentro,

belo som,

e o que é externo,

desconhecido ruído...

Cada pessoa que passa, um susto,

meus pelos me indicam vazio,

quero me libertar de tesões escondidos,

mal interpretados,

desiludidos.

Desconhecidos passam na rua,

meus fantasmas, conhecidos,

no quarto e no ouvido,

ao lado do belo som,

me desfacelo em grito

silencioso, uma infinita luta

do ego e do ruído.