Reverência ao encontro

De um pingo, a folha escolhida,

Recebe, balança, perene fica.

Fica a luz, o brilho sem luar,

Cresce o ventre, chama de vida raia

Chama de fogo, chama o amor.

Tudo veio, houve um ponto,

A boca feita, afeita ao encontro,

Relata o sexo, dilata o ventre,

Delata a vida, respira o gen.

Há uma vida, consumada a posse

Vinda do encontro.

E na folha a gota encontra,

O raio de luz,

Primeiro suspiro do encontro,

Primeiras preces vindas,

Na vinda, encontro esperado

No primeiro tato ao seio materno.

Vim, viestes, hão de vir,

Todos, tudo pelo contato.

Nada, nada se pode se faz unicamente,

Por trás, pelo lado, circundando,

Fica o encontro com alguém, algo,

Alguma coisa paira entre nós

Nós, o espaço, o infinito, o silêncio.

Não há vida, nada existe sem encontros.

Encontro é vida, apenas de nome trocado.

Sou vida, és,

Somos encontros na fraqueza,

Nas limitações silenciosas do pensamento,

Tentando fazer real o raciocínio.

Somos encontro, vida, raio de luz, início,

Somos também encontro no final

Morte, abraço ao pó.