Dá-me, Poesia, tua mão
Aquelas palavras tão belas
Perderam-se na escuridão
Alimentando-me as quimeras

Guia-me, Poesia, na escuridão
Com a luz do lirismo tão intensa
Que este silêncio é todo solidão
Esquecimento do que nem se pensa

Traze-me, Poesia, um alento
Para suportar a dor do vazio
E atravessar esse momento
Entre a lucidez e o desvario

Leva-me, Poesia, bem distante
Onde haja só esquecimento
Acalenta este coração amante
Tranquiliza este sentimento

Resgata-me, Poesia, dessa saudade
Livra-me dessa sombra, solidão
Devolve-me essa tal felicidade
Que abandonou meu coração

Se podes, Poesia
E se ao menos queres
Dá-me tua mão
Guia-me na escuridão
Traze-me um alento
Leva-me bem distante
Resgata-me dessa saudade
Se queres, Poesia
Se ao menos podes
Devolve-me a felicidade
Que abandonou meu coração

E não me cobres, Poesia
Dessa dor o seu quinhão
Pois onde havia tanta alegria
Hoje tem só essa desolação

Perdoa-me, Poesia, essa tristeza
A miséria vista assim tão de perto
É que onde havia tanta beleza
É de onde nasceu esse deserto

Perdoa-me ainda, Poesia, eu me calar
Esse tartamudear vago e disperso
É que o que não posso viver nem sonhar
Sonho e vivo no que ponho nesse verso

Vê, Poesia, é só a dor e a delícia de amar
Algo que dor nenhuma pode compreender
E o que em ti, Poesia, não posso imaginar
Tenho que por na delícia e na dor de viver
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 17/05/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2261602
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