POESIA MORTA

Se eu fosse poeta de verdade

não me perderia nos versos

nem me prenderia em barreira alguma

Nada e ninguém colocaria algemas

nas rimas sentidas e primas da emoção

Mas eu não sou poeta, nem artista

não sou contista ou mágico

não tenho inspiração, perco o fôlego

falo sem emoção, meu verso mora numa lápide

e o que me capacita a dizer isso

é a voz da razão

Deixei a poesia morrer em mim

jaz, agora, no túmulo secreto

de concreto abafado

debaixo de sete palmos de pavor

Por favor, se minha alma sair vadia

pela madrugada fria

e cruzar em seu caminho

tire o seu agasalho e ponha nos meus ombros

porque estou morta

mas ainda necessito de carinho

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 16/05/2010
Código do texto: T2259614