POESIA MORTA
Se eu fosse poeta de verdade
não me perderia nos versos
nem me prenderia em barreira alguma
Nada e ninguém colocaria algemas
nas rimas sentidas e primas da emoção
Mas eu não sou poeta, nem artista
não sou contista ou mágico
não tenho inspiração, perco o fôlego
falo sem emoção, meu verso mora numa lápide
e o que me capacita a dizer isso
é a voz da razão
Deixei a poesia morrer em mim
jaz, agora, no túmulo secreto
de concreto abafado
debaixo de sete palmos de pavor
Por favor, se minha alma sair vadia
pela madrugada fria
e cruzar em seu caminho
tire o seu agasalho e ponha nos meus ombros
porque estou morta
mas ainda necessito de carinho