DESTINOS
Um verso de amor foi para o fundo do mar
O outro desintegrou-se no espaço
O melhor teve que viajar e perdeu a rota
O pior... bem o pior, vem cá, dá um abraço
Pois é como filho pródigo que retorna à casa:
"Eu te amo"
Tinha também um verso mais longo, cumprindo a sina
Versos curtinhos derraparam na pista
O branco ficou vermelho de raiva, sem juízo
Todos os quebrados, como cacos, foram pro lixo
Mesmo os rimados, de par em par, entraram na arca
Alguns foram morar na rua, mendigos abandonados
Aquele que tinha um pingente, virou insurgente
Fez passeata, carreata, panelaço, fundou uma ong
Vive do dinheiro do povo pelas mãos do governo
Todo o poema, enfim, desmanchou-se, acabou
Nenhum verso ficou pra contar história
Nem que fosse da carochinha ou folclórica
Agora, ninguém pode dizer que não tentei
Até publiquei nos classificados a descrição
E pagaria bem a quem os encontrasse...