DESTINOS

Um verso de amor foi para o fundo do mar

O outro desintegrou-se no espaço

O melhor teve que viajar e perdeu a rota

O pior... bem o pior, vem cá, dá um abraço

Pois é como filho pródigo que retorna à casa:

"Eu te amo"

Tinha também um verso mais longo, cumprindo a sina

Versos curtinhos derraparam na pista

O branco ficou vermelho de raiva, sem juízo

Todos os quebrados, como cacos, foram pro lixo

Mesmo os rimados, de par em par, entraram na arca

Alguns foram morar na rua, mendigos abandonados

Aquele que tinha um pingente, virou insurgente

Fez passeata, carreata, panelaço, fundou uma ong

Vive do dinheiro do povo pelas mãos do governo

Todo o poema, enfim, desmanchou-se, acabou

Nenhum verso ficou pra contar história

Nem que fosse da carochinha ou folclórica

Agora, ninguém pode dizer que não tentei

Até publiquei nos classificados a descrição

E pagaria bem a quem os encontrasse...

Janete do Carmo
Enviado por Janete do Carmo em 16/05/2010
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