Dualidade
Foram das tuas,
Não das minhas,
O risco bordado na dor.
Foram nuas,
Também sem pudor
As palavras de quando vinhas
Semear em meus quintais,
Profanas, vistas jamais,
Transgredindo todos os conceitos,
Visto que, outrora afeitos,
Ilustramos almanaques fadados,
Inteiramente legados
Sob os eflúvios das paixões imortais.
Hoje, nem ao menos somos se quer,
Um homem, uma mulher,
Invadimos o obscuro,
Limites do nada,
Nas linhas fronteiriças aos mistérios,
Na busca do imponderável.
Fostes, fui, fomos,
Vidraças quebradas,
Fragmentos cristalizados,
Cortantes afiados,
Fluindo-nos dia a dia.
Eu, por tanto contemplar o inevitável
Enquanto fostes inevitavelmente
Estilhaços desta explosão de amor.