Caminhante do breu
A vida se desfaz
Quando corro para noite,
Tudo escoa vagarosamente.
Meus pensamentos na fumaça que sobe,
Desce, retornam ao que foi ontem,
Ontem mesmo de cabelo pelo rosto,
Um simples gesto de afago que não veio,
Ficou no ar, na atmosfera do pensamento.
Não sei quando devo correr,
Seguir este ritmo contínuo,
De fitas em desfile.
Tudo me é estranho,
Nada perco nada ganho,
Pouco tenho, as sombras são um sonho,
Devaneio adiado.
As luzes que esqueço
São lamparinas que ofuscam a penumbra,
Quebrando o já tão escuro.
As palavras que me sobram,
Jogo-as nos poemas,
Nas fantasias decoradas
Que a boca não consegue falar.
Os afagos ditos ficam sem encosta,
Nas definições que variam,
Enquanto tento explicar,
Sem nada dizer, calado,
Sufocando a solidão que chora
Debruçada na saudade,
A mesma saudade que os olhos mentem,
Negam neste ocultismo
Segredo inadiável a ser revelado
Ao apressado mundo que não para,
Não se fixa neste egoísmo fatídico.