A festa e o cão
Era festa na praça,
Que grande desgraça,
Não para os comparsas
Da ocasião.
Mas para o cãozinho,
O grande amiguinho,
Do homenzarrão.
O pobre bichinho,
Corria sozinho,
Naquele caminho,
Dos carros dragões.
Sentia fome,
Na festa tão farta,
Não queria arruaça,
Apenas queria,
Um pedaço de pão.
Foi naquele momento,
Na sua procura,
Que ao atravessar a rua,
O destino o tragou.
Levou o coitado,
No rastro da morte,
Da morte somente,
Que só simplesmente,
A vida o tirou.
O dono do carro,
Sem nem mesmo temer,
Uma repressão.
Não lembrou-se que:
A carne que cobre,
Os ossos que tem,
Pode só também,
Virar uma mancha,
Talvez mais vermelha,
Que aquela primeira.
A que só sujou,
O chão que pisou,
O grande agressor,
Do pobre do cão.