PRISÃO INTERIOR
Calabouços, prisões, cadeias;
Enclausurado! Assim passo o dia
Com pensamentos presos
Vontades suprimidas
Pergunto-me incessantemente onde deixei as chaves
Para libertar todo este peso
Livrar o sopro do vento enjaulado
Angariar novos ares, suspirar.
Por entre as grades vejo paisagens
Imagino miragens
Encontro liberdade
Apenas sondagens!
Lembro-me bem do futuro almejado
Lembro-me bem do passado recriado
Por entre brechas espio e sou vigiado
Escuto, mas não sou ouvido.
Dentre os sentidos
Somente o tato apurado
Exprime força contra as paredes
Exaurindo fraqueza, impotência;
Tolerância ao tempo perdido.
Indago se o entardecer exibe realmente o que enxergo
O Sol novamente desaparecendo
A lua mostrando seu lado negro
As estrelas piscando em direção aos meus olhares
Seduzindo e camuflando noites sombrias
E sobriamente me iludo.
Anseios, ansiedade;
Corroído aos poucos por vontade própria.
E nesta breve eternidade
Indago quando terei recuperado o livre-arbítrio,
Para as portas abrir
Para as janelas escancarar
Para ver o sol nascer
Para ver o sol entrar.
Tento repetidamente não sufocar
Não despejar ressentimentos
Sobre meu próprio destino.
Mas a angústia de se ter uma vida pela frente
Leva-me novamente a prisão.
Uma cela lacrada, frágil
Isolando meu ser do querer
E nesta luta pela verdade
Descobri o quanto sou fraco.