Criança travessa
Criança travessa
Criança travessa, corria, pulava
Em árvores como gato, subia, na rua brincava, pulava corda e bola jogava,
De amarelinha, pique-esconde , de barra manteiga, ninguém escapava,
Do betis, com a meninada, da bola batida ao longe, onde a gente contava,
Corria, trocando de base para ver quem ganhava.
Da velha bicicleta que, num eterno pedalar, pela cidade andava.
Dos acampamentos, de fora a turma da rua não ficava.
Que saudade do velho balanço,
No abacateiro, a mover-se sem descanso
Do enorme quintal, das flores, do perfume da terra molhada ainda penso.
Onde foi parar essa criança travessa, que hoje não vejo nem alcanço.
Ficou no passado distante, nas curvas da vida e nas águas do tempo no remanso.
Volta criança travessa, volta, saí da saudade, do esquecimento e do ranço.
Trás de volta criança travessa a ingenuidade, a liberdade que mereço.
O tempo passou,
Criança travessa, do meu coração, a alegria levou.
Saudade, dor e desilusão seu lugar tomou.
Hoje junto os cacos do que sobrou
Tento reencontrar a paz que o sofrimento tirou
Criança travessa, acende tua luz, nos restos de esperança que ficou
Não deixe morrer em mim a eterna criança que um dia pela vida se apaixonou.