Medo
Tenho medo...
Medo do tempo de não se amar.
Medo de se perder e não se achar.
Medo de olhares críticos,
medo de não se entregar,
e agora, o que me resta?
Olhar pelas frestas,
desta gaiola de vidro,
apertada e sem luz...
Já explorei todos os espaços,
fiz tantas vezes do meu dia,
muitos embaraços,
envolvidas em tramas e dramas,
que eu mesma criei...
Desertei deste mundo imenso,
pro aperto de minha morada,
que vejo agora com tristeza amargurada,
os dias esvairem-se lentamente,
como as gotas quentes em meu rosto,
atingida pelo desgosto,
de investidas mal interpretadas.
Do doce de minhas palavras,
pra amargura da solidão,
fez agora a imensidão,
deste tempo que passa,
repassa e repisa,
minhas escolhas perdidas...
E o medo ainda me consome,
não quero lembrar,
nem meu nome,
nem do meu vazio,
que sei, sou eu mesma que crio,
somente vou aguardar,
um dia eu despertar,
nem que seja,
pra tudo recomeçar...