POEMA EM BRANCO....
As páginas do meu poema
estão em branco.
Tragam suas alegrias, superstições
e suas dores.
Tragam também, a borboleta colorida,
gotinhas de chuva e o calorzinho
de um sol amarelo sorrindo pra mim.
Enfeitem o meu poema, pois,
suas páginas estão em branco.
Venham de mala e cuia mas tragam
um coração cheinho de gargalhadas
e nos olhinhos, um arco-íris de todas as cores.
Entrem sem bater.
Encontrarão a porta aberta.
Venham e façam morada no meu poema.
Ele anda sem vida, cambaleante
e não sabe mais dizer palavra.
Meu poema anda triste como um dia triste.
Como um bonde antigo tentando caminhar
sobre o asfalto.
Já não existem flores e o cheiro de maçã
agora é o cheiro da saudade.
As gavetas andam abarrotadas
de poemas em branco,
e eu ando cheia de vazio
e já não sei dizer palavra.
Tragam o céu para o meu poema,
a fitar-me com seu enorme olho azul
onde as andorinhas passam
por entre ventos e marés a cuspirem do alto
palavras para o meu já morto poema.
Eu de cá, sorrio amargamente
tentando encontrar a semente
da palavra que perdi.