“Tathita Kûm”

O peregrino caminha sobre o mar

As ondas da praia iluminam

A caixa de ressonância

O tubo de raios catódicos

Do inconsciente desse lar

Por onde circula em dobro

O sangue dos excluídos

Enquanto a “Claro” convida

Para falar grátis no celular

Eu sou eu e minha circunstância

Absurda de estar na pele assassina

Do pai que jogou a filha do sexto andar

O desespero da menina sufocada

Pelas mãos assassinas da madrasta

Malamada, pior do que as princesas

E as rainhas dos contos de fadas

Pior do que as promessas de amor

Feitas nos momentos de torpor

Pelo celular.

E O Bispo Cego, Surdo & Mudo

Do Fala Que Eu Te Escuto...

Eu sou eu e minha circunstância

Estar a caminhar, o casal assassino

Enquanto par, pelas ruas da cidade

Convivendo no mesmo espaço

Covarde. Milhares de pralamentares

À Ciro Gomes. Ele aqui tão só e tão

Ausente e ao mesmo tempo voando

Pela Europa com seus parentes

(para lá e pra cá)

Às custas de uma educação social

Para prostitutas e gays precoces

Nas escolas públicas do Ceará.

“Tathita Kûm”

Eu sou eu e minhas circunstâncias

Caminhando com minha mochila

Carregada de pralamentares sem verbas

Para a saúde e a educação, pelas ruas

Da cidade do Ceará. A promessa de 44 dos 46

Deputados, de 13 dos 14 partidos unidos

Em perene aliança em prol da corrupção

Desdobra-se o Executivo e o pralamento

Do apoio de Iracema à Barra do Ceará.

E O Bispo Cego, Surdo & Mudo

Do Fala Que Eu Te Escuto...

Eu sou eu e minhas circunstâncias

A mochila nos ombros quase que

Como uma cruz, enquanto o chefe

Do executivo cearense passeia

Pelas estâncias a jato de Dublin

Madri, Londres, Edimburgo, Berlim

Num “to tour about” pago pelos

Impostos públicos.

Acabo de ver um assalto na Paulista

A vítima reclama que seu celular Z6

Plano Estilo 200 que transfere uma

Música em 3 segundos, cartão de 1 GB

Com conteúdo “The Killers”, câmera

2.0 megapixels o pivete levou saiu

Correndo rumo às escadas do metrô

“Tathita Kûm”

A cidade fantasma, a Paulista, a Frei

Serafim, um ermo Feriado nacional.

O cinismo arcádico dos carros na Bezerra

De Meneses, os pais de família cumprindo

Seus deveres. Precoces, pensam nos prazeres

Rumo as praias atlânticas do litoral.

Enquanto o religioso defende a impunidade

Do casal: o pai de Isabela. A madrasta

E condena o clamor público sem o qual

Esse seria mais um crime impune a

Creditar à crônica judicial. O pai da

Menina ao lado da madrasta Jatobá

Sorri cínico e demencial para a cúmplice

Ao lado, na entrevista do Fantástico em

Rede nacional.

E O Bispo Cego, Surdo & Mudo

Do Fala Que Eu Te Escuto...

A baioneta da realidade

Faz sangrar o coração peregrino

Pelas ruas da cidade. A psicose

Nacional do Pralamento promete

Novidades na CPI da patologia

Política nacional.

As gotas de sangue da menina Isabela

Mal secaram e o pai Abutre e a madrasta

Má em rede nacional representavam

A farsa de como ainda a estão amando

O casal crocita e grasna atores bufos de

Mais uma das milhares de peças teatrais

Do desastre emocional da cidade. Nas páginas

De “Veja” Charles Melman colaborador de

Lacan afirma o óbvio “A família está acabando”.

“Tathita Kûm”

O peregrino ajeita a mochila nos ombros

Enquanto se pergunta se não é muita

Adversidade mover-se sozinho sob o peso

Da patologia eletrônica dessa (a)dvercidade

A imaginação impregnada desses medos

A mão suada, aperta os dedos da namorada

O casal renova a esperança de uma família

Parida diariamente pela mente biônica

Da “diver”-cidade. O mochileiro afasta-se

Aperta o passo, mergulhador, como se

Fosse um batedor de carteiras no mar,

Caminhante no caminho de São Thiago

No concreto continental das ruas, avenidas,

Parques, museus, praças e bares da cidade

Vê clara mente por detrás das vitrines

Decoradas com os manequins das modelos

E divas da publicidade, a propaganda atrás

Das vitrines dos shoppings, os esqueletos

Na sala de jantar, movem os botões afoitos

Do controle remoto. Na ilusão de que podem

Mudar o visual dessa realidade. Na ilusão de

Que podem controlar, à distância, o silêncio

Carente, arquetípico, desse 21 de Abril de 2008.

E O Bispo Cego, Surdo & Mudo

Do Fala Que Eu Te Escuto...

A paisagem nova renova a sensação de liberdade

Em pouco tempo a mochileira e o namorado

Terão frente aos olhos o colírio do mar

Podem agora se lamuriar por todos os

Habitantes que ficaram dentro dos apertamentos

E não puderam sentir a liberdade de uma simples

Miragem, e ouvir os ecos da andorinha-do-mar

E o tumulto da procela marítima dos viajantes

De um para outro lado nas areias da praia

Buscando uma aproximação, um diálogo

Um rabo de saia, um motivo para sorrir da solidão.

“Tathita Kûm”

Desse seu jeito, Bispo, desligo a tvvisão.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 20/04/2010
Reeditado em 23/09/2011
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