Metamorfose
Nessa fase submersa nesse queira ou não queira
Vieram fáceis as escolhas difíceis. O duro e
Difícil pão, os planos sugeridos pela razão
As emoções a descoberto, o desamor surgiu
Num dia rebelde. Os sonhos se agitaram
Agiram na carne da realidade. Entraram em ação
As forças inusitadas de uma saudade.
A tristeza brotou como uma flor de força amarela
Dela surgiu essa poesia em segundos. Restou
A certeza da efêmera madrugada. Um passarinho
Cantou e a chuva começou a molhar seu ninho
Três zigotos alegravam o coração da ave
Iluminava a escuridão dessa calma. A intimidade
Ofegante da natureza entre as folhas da árvore.
Os anos dourados pareciam brilhar no canto
Da mulher que dança como se motivada pela
Música de uma pajelança ofegante. Insubmissa
Natureza de um ritual de passagem. Que poderia
Vir depois disso? Você que sempre se recusou
À mutação, à mudança. Você que se cristalizou
Sempre em volta da mesma dança. Sem nunca
Questionar essa vida vazia, essa noite vazia
Se soubesses o bem que eu quis a essa sua alma
Desesperada a pular de uma para outra
Orgia. Essa alma vazia vai se preencher
Com toda essa artificialidade? Isso não é esperança
É horror. Para onde você vai? Você sabe
Do alcalóide cristalino na noite do rio ao luar
O que é que você tanto busca e tem essa certeza
De que jamais encontrará? É a sua paz interior
Que uma conjuntura de eventos roubou.
Toda essa loucura apenas para saber que toda
Esperança de uma vida sumiu. E a coisa mais
Linda que poderia existir, como uma mágica má
Se esvaiu na loucura de uma vida desperdiçada
Querendo transformar as pessoas que você conhece
Em espelhos do seu eu pequeno, do seu nada.
Como Procusto, cortando as criaturas ou esticando-as
Para que caibam no rol das suas inimizades.
Você deteriora tudo que entra em contato contigo
A infelicidade e a desalegria acompanham esses
Teu desespero disfarçado em sorrisos. De que
Vale essa rua dessa cidade banhada de sol
Se as trevas tomaram conta de sua alma? Essa
Melancolia, esse estresse que aumenta a cada sessão
E sua existência prossegue cega como uma Parca
Tecendo e cortando o fio da própria subvida
Como uma fuinha brega se vestindo de Patricinha
De shopping. Um projeto de borboleta desesperada
Querendo sair do casulo, da larva, sem conseguir nenhum
Resultado. Odiando-se terrivelmente no cobertor
Do pranto que há por detrás de cada um de seus
Supostos sorrisos. É triste! Que fazer no palco desse show
Você, larva! Espírito malfazejo a vaguear entre os vivos
Sem que possa tecer o caminho para a saída do casulo
Passando o período ninfal sob forma larval de crisálida
E você trocando seu corpo por essas sessões dessa droga
Que já estava malhada antes de você nascer. Você que
Nada mais gostaria de ser que uma garota do Fantástico
Bumbum bulindo, pernas para o alto, sorrindo para a
Câmara da telinha das pessoas da sala de jantar. A carpir
Como se estivesse satisfeita a se distrair.
Sem nunca crescer. Sem jamais se desenvolver. Vivendo
De aparências sempre a se trair. Sete horas da manhã
Você vai ter de sair. Você sabe: não adianta procurar
Não há nenhum lugar no mundo em que você possa
Se esconder. Não adianta nem tentar forrar a careta barata
Com os cosméticos das estrelas. Seu rosto de profundezas
Não vai esconder a tristeza por detrás desses sorrisos