Destino Displicente
Há momentos em que a gente fica
Mesmo de coração partido
Desolado, sem sentido, falho de acepção
Sem saber que direção tomar
Algumas vezes o caso é bem mais complicado
E o cerne vital se transforma em estilha
Fatalmente dilacerado
Sem abrigo, sem acolhida
Ou espaço que o comporte
Sem sul, sem norte
Sem estadia em qualquer lugar
É tão prosaica essa circunstância comum
Incomum é o pêndulo oscilante do tempo
Advir à batida
Consonante com a vida, que perpassa
Sem um sentido que se lhe apraza
E então, os olhos são brasas molhadas
Esvaindo-se suavemente, sal adocicado
Muitas vezes quando chegamos já é bem tarde
E o destino já é sentença
Pelo envolto no sacro consagrado
Sem possibilidade de volta
E isso incisa definitivamente
Uma alameda que se acendia
Ainda que parecesse em flor
Outras vezes é demasiadamente cedo
Não se tem idade, se tem medo
E as palavras ainda não estão prontas
Precisam ganhar vida, ganhar cor, amadurecer
Se não ditas, deixam de ser bem ditas, no amor
Quando a sorte, distraída, displicente
Lacra seus olhos, emudece seus lábios
E não consede
O acontecer