Malembe( perdão)
No patíbulo aguardando o rufar dos tambores
Roncam trovoadas e roncam os ganzás
E as pseudo-alegrias feitas de álcool ou ignorância
E na subida em direção dos céus
Havia uma soturna promessa de almas novas
Para um firmamento envelhecido pelo tempo ou
Pela miséria
No patíbulo das palavras
As sentenças mentais de seu pensamento
São executadas a frio e em silêncio
Só aos olhos se revelam as dores, alguma humanidade
Só aos olhos se revela a tristeza de ser preterido e abandonado
No canto qualquer da vida
Nas esquinas não riscadas do mapa
Nas encostas que cismam cair em plena tempestade
Inundam corpos de lama, vidas de lama,
E fazem de homens comuns
Pequenos bonecos de barro.
Chuva cruel e incessante
Seu jorrar parece um choro enfurecido
Da natureza zangada por tanta incompreensão...
malembe
Malembe
Não entendi a magia e o poder da natureza
Não percebi que minha vida
Corria nas veias das árvores, dos rios,
Na direção do mar, e para serem livres
Além de limpos e respeitados.
No patíbulo da lembrança
Pesa a consciência por ser tardia
Por ser torpe
Por ser enxaguada de remorso.