Umbigo
Umbigo, umbigo
pequena cânfora do que nos cerca
um anjo oculta-se em paredes pichadas,
alerta é necessário.
Ri-se ante a passagem do desconhecido,
que recua em sentido oposto à luz,
trazendo no peito a ânsia confusa e tôsca
do que faz...
Um homem esqueceu-o certo dia à míngua,
ode à língua profana,
que se insinua e disseca a mente insana,
ocupando janelas com virgens submissas,
premissas da sempre oblíqua vertigem.
Dilacerando o torpe vácuo que o alucina,
um homem povoa as ruas com seu viver promíscuo,
recolhendo-se à sua liberdade senil.
Quisera entre cachos dourados,
tecer redes de sonhos,
teias de amor ao suor de asas grudadas,
mas o anjo limita-se a mostrar-me a insensatez.
Na escuridão, os gemidos e os lábios entumescidos
simulam a orgia dionisíaca...
Umbigo, umbigo
pequena cânfora do que nos cerca,
é preciso estar alerta
ante a procura, ao desconhecido,
estradas sinuosas que levam à redenção, ao seio.
Anjo (certamente ambíguo)
Leve-me em teus passeios.