L Á G R I M A S
chuvas torrenciais idas d’alma
inundam teus olhos e neles
descem temporais que amarguram meles
e desunem um abraço de desespero na palma
contristo-me, porque nos teus olhos
há cíclicas enxurradas de tristeza
e quilómetros de lamas de impureza
que abafavam degustáveis molhos
num momento, um inesperado arco-íris
vindo de si e de mim interrompeu
tuas lágrimas de justiça ao céu
para onde indica a pirâmide de Osíris
embora as toneladas das lágrimas
de teu rosto inundassem meu espírito
de angustia, no arco-íris meu grito
de desalento granjeou rimas
ao abrigo desse arco-íris agora
teu rosto só brilha com as cores
que exortam de longe os sabores
destas lágrimas que a nuvem evapora
e quando tocaram em teu semblante
meus dedos foram inundados
nas lágrimas em prol dos fardos
que nos seus ombros carregas avante
Pensado e escrito em Benguela, aos 10 de Abril de 2010
REI MANDONGUE I