A dor fria

Nao sei se deveria,

nem sei se poderia,

romper essa funebre calmaria

e gritar à fúria dos Elementos

as dores e os tormentos

de tua toda ausência

em minha semi existência.

Não sei se poderei chamar-te namorada.

Pois agora tudo é nada

e nesse tempo de incerteza,

em que a dúvida é a certeza,

ignoro até o poema que te farei

e como te direi,

do tanto de carinho

que escrevo nesse pós pergaminho.

E tanto mais não sei, moça do Rio ...

mas sei que faz frio

e já sinto a dor anunciada

como amante indesejada.

Até quando

levarei esse corpo mulambo?

Onde estará

a panacéia que me curará?

Por onde andará

meu santo orixá?

Não sei!

Que um anjo me guarde

e que um alivio me aguarde.