Um violino chamando Diego
Cala fundo o gemido do violino
Solitário na noite escura sem estrelas
Cala fundo o agudo descendo pelo arco
Escorrendo seus laivos como uivos
Dos lobos banidos...
Cala fundo na alma,
essa música de poucas cordas
E muita magia
Escorrendo de dedos negros que encantam como a cotovia.
Transcendental música que perpassa pelos dedos,
Segue apoiado pelo queixo e,
depois desemboca certeira no coração.
Em suas lágrimas incandescentes
No alto quilate de seus doze anos,
Queimam revoltas contra a violência bastarda,
a ceifar oportunidades e anjos
E, mesmo diante da chuva de lágrimas,
Não cala o violino
Que geme e gane perfeito
Em notas e semitons a compor
A sinfonia dos ventos,
A semântica dos desesperados
A regalia dos sensíveis
Que sofrem e temem
Mas não sofrem em vão...
Agora que o violino ficou sozinho
Prossegue sua saga para resgatar almas e corpos
De uma batalha sangrenta e silenciosa
Batalha contra miséria, contra o abandono,
Contra a indiferença...
A favor da capacidade de sobreviver,
Há opção de ser músico,
Chorar e continuar o encanto da vida.
Mesmo depois da morte.
Permanece um violino lá no céu
essa noite,
chamando Diego.