DIA DE FÚRIA!
Não julgarei para não ser julgado...
Mas apurar os fatos ocorridos
Não é julgar sem ter discernimento
Aquela criança que adorava sorrir
Que esperava ser feliz com sua madrasta
Fez-me lembrar Branca de Neve no momento
Gostava de dançar nas festas da escolinha
E sabia cativar com seu jeito de menina
Falo assim, sem tê-la conhecido de verdade
Eu conheço as meninas de sua idade
Que vão ver seu pai só nos fins de semana
Com aquele sorriso brilhando em seu olhar
Depois da festa, o que fez de tão terrível
E o que suscitou violência tão feroz
Para ter seu sangue derramado
Agredida e estrangulada sem piedade?
Isto vai além da imaginação...
Um corpo inerte sendo carregado
E vomitando sobre o seu carrasco
Sufocando seu grito exasperado
Como a pedir clemência outra vez
E ao ser arremessado pela tela
Teria tentado agarrar-se ao seu algoz
Mas ao ser esganada perdera a voz
E caída na grama ainda respirava...
O gramado foi quem a acolheu
E a palmeira em estado de choque
Vendo aqueles olhinhos esbugalhados
Das folhas à raiz estremeceu
Lembrando o grito de: Pára, pai pára!
Que seria o eco de um grito milenar...
E quando pensamos já ter visto de tudo
Soube das digitais da menina Isabella
Impressas com sangue na parede da janela
Como a querer livrar-se da queda fatal
Estou aterrada, desolada e sem poesia
Busco ainda o benefício da dúvida cruel
Mas... Já estás morta, linda Isabella
Descansa em paz, anjinho, descansa.
Porém não foste a primeira criança
Há outras pequenas vítimas indefesas...
Onde estará agora a Madeleine?
Lembro dela também com muita tristeza...