Vida (Ilação)

Na verdade, sou ainda menor do que pensava ser

como alguém que conhece e vive a aprender
ando sobre espinhos, meus pés feridos sangram
a esperança finda e a vida é apenas um bel prazer
 
Quando me recolho e mergulho no meu intimo
vejo o quanto falta em mim daquilo que preciso ter
olho retraída, me falta argúcia, talento, experiência
sou invulgar, incapaz de odiar, embora desejasse ser
 
Vejo sorrisos, quando olho da fresta da minha janela
acredito que a vida pode ser interessante, se não fora
não lutariam tanto por ela. Entender quem a implora
é tão difícil quanto entender alguém desiste tanto dela
 
Lanço meu rosto no pó, busco uma comunhão maior
desejo o silêncio, me humilho, sem uma palavra dizer
transpiro dor, suor e lágrimas descem em meu rosto
minhas mãos tremem, meu ser transborda desgosto
 
Quantos de nós ficamos segregados tendo pessoas ao
lado que não sabem a diferença entre amor e carinho
Quantos de nós mendigamos um afeto
morremos à falta de um gesto, naufragamos sozinhos
 
Sinto-me solitária entre esses versos que fiz,
como uma folha desgarrada pelo vento, que cai
distante da árvore, seca e morre ao relento
que não sabe onde vai, vive a mercê do tempo
 
Quantos de nós nos sentimos vencidos
nosso sonhos perecem, para os outros são desvalidos
e extinguir-se-ão com o tempo, como esta folha caída.
 
Não sei... Esta folha solta, entre tantas esquecida
não sei porque esta folha
parece tanto com vida...