Adeus, Inspiração!

Este é o derradeiro fim,

O coração do poeta está mudo;

O gosto amargo não é veneno, nem gim,

É a desilusão penetrando profundo.

A lua, inspiradora, perdeu seu encanto;

Escondeu-se a fim de não ser testemunha

Daquele que agora derrama seu pranto,

E infeliz desgraçado é sua lúcida alcunha.

O negrume de seus olhos,

Outrora pérola de rara beleza,

Me lembram agora secos galhos

Que, mortos, exalam um que de tristeza.

A inspiração, que tu levaste

Saindo assim de minha vida

Provoca em minha alma desgaste,

Tal qual o alcoólico sem a bebida.

Se um dia quiseres voltar

E devolver-me o feixe inspirador,

Como Tântalo hei de tentar

Alcançar teu beijo consolador.

Por hora, simplesmente caminho

Apesar do excesso de veneno no coração.

E por só enxergar da flor o espinho,

Eu digo, infeliz: Adeus, Inspiração!

FernandoNogueira
Enviado por FernandoNogueira em 25/03/2010
Reeditado em 25/03/2010
Código do texto: T2159125
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