VAI-TE! NÃO VOU...*Dueto com Silvia Mendonça
Venta noite em minha janela.
A lua teima em clarear o quarto.
Cortinas fechadas à vida.
Hei de reabrir esse teu recanto
Por uma brecha aberta pela luz que
Deita esperançosa em tua cama.
Choro dentro dos blues, em redundância.
Relembro a patética harmonia do desastroso canto,
Feito sereia que altera o encanto ao susto da cobrança.
Percebo as tuas lágrimas fonte do desassossego em sintonia
com o som tristonho dos blues que invadem o ambiente e que poderei fazer diante do espanto? Percebo uma dupla tristeza que me insinuas pelo teu lamento.O que motiva minha mórbida e inquieta curiosidade.
Não me farás jamais ouvir-te novamente.
Desafinastes no tom;
No arranjo de acordes vazios,
Na melodia triste e ressecada.
Se do teu gosto e veredicto calar-me-ei então diante de minha insignificância. Jamais imaginei magoar-te tanto o que me entristece sobremaneira. Há um fosso intransponível a separar-me de ti e respeitarei os teus desejos.
Em que momento pedi por esperança?
Quando, por consolo, promessas?
Planos, fizestes tu, não eu!
Apenas quis agradar-te diante da solidão em que a vi envolvida. E se promessas fiz foi para induzir melhores sentimentos diante do teu sofrimento.
O teu cheiro, pedra, arranco.
Incenso a cólera; a falsa ternura.
Interrompo o gesto suicida,
Aspirado por narinas de medo.
Pintas com cores dramáticas teus momentos de dor, melhor seria levantar essa cabeça e relevar as incompreensões pelas vias da perseverança e aposta no amor.
Vai-te!
Leva consigo
O tumulto do não-assumir,
Senão hoje,
Meus sonhos de ontem,
Enganados e esganados, verbo foi.
Sei que do seu íntimo febril,
não desejas a minha obediência
porque anseias comigo os mesmos sonhos... Mas o teu orgulho ferido é mais forte... E vou pagar pra ver esse teu jogo perverso.
Vai-te!
Sem lembrança,
Sem rastro,
Sem dor!
Aquietarei meus movimentos diante da tua ênfase.
E respeitarei a tua exigência de manter-me eqüidistante.
Mas o faço a contragosto.
Jamais padecerei da mesma paixão.
Jamais ouvirei teus tambores sorrateiros.
Jamais passarei pela tua Messina.
Jamais beberei o vinho tinto da embriaguez.
Então está decidido o expurgo que fazes da minha presença.
Negarei então esta paixão que me assola ficando proscrito agora e para todo sempre. Mas não me peça que negue que o que me embriaga mais são os teus encantos, embora pelo seu lado nutre o mais odioso desdém pelo que eu possa sentir.
Vai-te!
Do dia antigo em que fostes,
Para nunca mais voltares!
Está então acertado. Vou para não mais voltar. Hei de sofrer quieto e calado para que minha dignidade não seja ferida diante da tua ferocidade. Nossa história termina nos sussurros dos soluços e na dor do silêncio... Para sempre!
Dueto: Silvia Mendonça e Hildebrando Menezes
Nota: Inspirado no texto original de Silvia Mendonça: VAI-TE!
http://muraldosescritores.ning.com/profiles/blogs/vaite-1