PROCURA
PROCURA
Joyce Sameitat
Eu estou aqui e não estou;
Sou um barco a soçobrar...
Nem sei o que de mim restou;
E se vida está a me guardar...
A minha volta tudo desmoronou;
Sinto a brisa do tempo a passar...
Que em minha alma sussurou;
O que estás tanto a procurar?
Procuro a razão do meu ser;
E até a do meu próprio existir...
Sem querer enxergar e ver;
Porquê está tudo assim a ruir...
Assim como chora toda natureza;
É como choro eu aqui também...
Tão grande é a minha trizteza;
Como não é a de mais ninguém...
Até sei que sou qual um cometa;
Cuja passagem é ligeira... Breve...
Mas hoje eu estou é de veneta;
Porquê a vida nunca me foi leve...
E imersa nesta grande loucura;
Que ora em mim se faz presente...
Eu estou deveras só a procura;
Da alegria que se faz tão ausente...
Está fugindo de mim a passos largos;
Nunca a vi correr tão rápido assim...
E o meu ser se desmancha num lago;
Que sei do começo mas nada do fim...
Procura insana esta em que me encontro!
Tentar me achar e onde eu me perdi...
Faço-me perguntas e não as respondo;
Porque gostaria apenas de não estar aqui!
Sinto-me como que se estivesse plantada;
Onde não posso sequer me locomover...
Com a imaginaçao meio que embotada;
Sou uma alma partida que quer viver...
E que gostaria apenas de ser consertada!
Procuro e não acho meu sentido;
Foi-se embora qual onda no mar...
Tudo que vejo é meu eu perdido;
Tentando na enchente não afundar...
São Paulo, Janeiro de 2010