Crepúsculo da saudade

 
 
Era chegada a hora da luz do crepusculo.
As nuvens envoltas em cores variadas pareciam estarem paradas a me olhar.
Eu vinha de um mundo de sonho agitado pelos ventos de um mês de outono.
Triste e sem vontade de falar das minhas saudades, que já eram tantas, 
e que friamente se vingava agora nessa minha agonia.
Lembrava o momento da despedida, estava chegando o anoitecer.
De mãos dadas com as estrelas eu viajava sobre as cores do crepúsculo, nas azas do vento.
Ouço ainda o eco da minha voz a te chamar, a mesma voz que não me sai  da memória.
Não vá amor, por favor, não vá.
Mesmo sabendo que já era tarde demais, você não podia mais me ouvir.
É tarde, olho o porta retrato, aquela foto ainda está lá.
Parece querer dizer algo, mas nada diz.
Em silêncio me olha e meu pranto cai.
O sol se esconde no horizonte cor de rosa, ou será roxo?
E o crepúsculo continua lindo e indiferente.
Saio do meu mundo vazio e procuro abrigo na minha poesia.
Então me perco no meu mundo de ilusão e sonhos e me deixo
Embalar suavemente.