Ninguém aqui vem...

Ninguém aqui vem

Mas de que importa ?

É minha alma que aqui permanece

E canta cada momento em seu desencanto

E cria cada verso em sentimento

E faz de todo segundo - só um - único lamento

Ninguém aqui vem

Mas a poesia aqui permanece

Solta, leve, diáfana, perdida entre as linhas

Muitas vezes entretanto

Grita forte, erótica, pegajosa, amante

Ninguém aqui vem

Mas

É assim que tem ser

Pois o que faz do verso, da rima, do poema

Não é quem os toque, leia, comemore

O verso aqui sempre está

Sozinho a celebrar

O verso escorre Morno, lento,

neste canto a poetisar

Tantas vezes, sou poeta

Sou homem, sou desejo, força, sou eterno

Outras tantas, sou poetiza

Sou fêmea, sou delicada, temerária, algo terno

Há imagens aqui também

Muitas fotos de seres que desconheço

Mas que tanto me dizem

Que complementam cada estrofe do verso

Aqui onde ninguém vem

Há fadas, prostitutas, borboletas, crianças dançantes

Há lágrimas, por de sol, amigos, cores amantes

Seres alados, dançarinos, movimento, luz e dor

Aqui onde ninguém vem

é meu recanto de flor e ardor

Onde me transformo em poeta e poetisa

E danço em vestes transparentes

Pra muitos versos compor

E tudo isso de nada importa

Pois é assim que deve ser

É aqui onde ninguém vem

Que eu permaneço translúcida em frases soltas

Como rara semente

que nasce latente

pra enfim desabrochar em flor...

Adriana Alves (Poetisa Lancinante)
Enviado por Adriana Alves (Poetisa Lancinante) em 16/03/2010
Código do texto: T2142239
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