AS BORBOLETAS

Acendi um baseadinho bem enrolado.

Sentei-me naquelas úmidas pedras,

Lembrei-me do meu breve passado,

Das minhas vitórias e das quedas.

A minha tosca parcela de maldade

De um jovem colorido e sonhador,

Chegou ao limite de um ser voador.

Matei a mim, antes de matar a beldade.

Sou um colecionador, sou o erro da paz!

Sou um predador, o que leva e nunca traz!

Não tenho ninguém neste momento,

Compartilho apenas o sofrimento,

Após matar as lindas borboletas,

Nesta manhã de ato muito covarde.

Agora eu as contemplo obsoletas,

Sem poder trazer-lhes a vida,

Uma criatura tão querida,

Pois já é muito tarde...

Em casa eu vou as alfinetar estáticas num isopor,

Para a minha alegria, junto a beleza deste horror.

Jlle, 30/11/1990.

Setedados
Enviado por Setedados em 11/03/2010
Reeditado em 10/03/2013
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