Coração de cisne
Coração de cisne
Sinto-me quando nada sinto,
Escuro; apenas vivo algo que não podem viver.
Despertando de um sonho profundo,
Asfixiando-me, eu procurava pelo ar.
Deixei de lado tudo aquilo em que outrora acreditava,
Levando comigo apenas o que necessito!
Meu corpo, minha mente, minha alma.
Tento então fechar os olhos para luz que me cega,
Espero então pela noite, que em sua escuridão tranqüilo caminho.
Mundo de ninguém, mundo tão sombrio!
Eu, a lua e meus desejos mais vazios.
Esperei por aquele que me salvaria, mas ele não existe.
Ou simplesmente não veio, nunca veio.
Por isso em vôos noturno vago sozinho,
E das tantas quedas aprendo a voar mais alto do que me disseram que eu podia.
Eles não podem esconder a sabedoria,
Nem me privar do que eu posso ser, pois nada é oculto eternamente.
Deixem-me só...
Escutando os sussurros dos meus fantasmas.
Eles ganham com os meus medos, ganham com as minhas lágrimas.
Por isso, não permito que me impeçam de voar,
Levo comigo meu testamento de vida e morte.
Não permito que me calem, que me matem...
Jamais me afogarão!
E estarei lá fora sozinho, por minha conta.
Lugares escuros servirão para me purificar,
Não sou mais um escravo...
Sem marcas, vestígios do meu sangue no chão,
Continuo voando pela noite com meu solitário Coração de Cisne
Victor Cartier