ESQUINAS
ESQUINAS
Joyce Sameitat
Meus sonhos ultimamente estão morrendo;
Em todas as esquinas que vão dobrando...
Eu acompanho todos quase que correndo;
Para ver se alguns talvez eu vá salvando...
Até agora não consegui este intento;
São mais escorregadios que sombras...
Bem mais leves que lufadas de vento;
Saem surfando em suas breves ondas...
Cada esquina na qual eu corro e dobro;
Só sinto um pequeno rastro perfumado...
Gotejam fantasias que sempre namoro;
Em poucos segundos tudo é evaporado...
Até já tentei pegá-los de surpresa em vão;
Aguardando-os em ruas de sinuosas curvas...
Mas passaram longe... Em outro quarteirão;
Lépidos e faceiros, escondidos em espumas...
E de esquina em esquina eu os vou perdendo;
Sigo-os noite adentro no brilhar de estrelas...
A alma sente que vai aos poucos arrefecendo;
Pois eles são ligeiros e voam com destreza...
Estas esquinas em mim viram um quarteirão;
Que rodeio sem parar e muito desorientada...
Todas se encontram dentro do meu coração;
Ele está transformando meus sonhos em nada...
Um círculo vicioso se forma;
Não desisto de os capturar...
Pode até não ser agora;
Mas ainda os vou pegar...
Sem sonhos não posso viver;
São neles que a vida resplandece...
Está minha alma a se debater;
Mostrando ao coração que desobedece...
Que se não os deixar florescer;
Nem terá mais como se manter...
Não entende como ele disso esquece;
Uma nova esquina começa a aparecer;
Mas em segundos ela desaparece...
São Paulo, 09 de Fevereiro de 2010