PERCO ALVOROÇO

Tudo tão calmo! Estrelas paradas.

Fica meu alvoroço de prata tingido

De palavras caladas...

Que não servem de nada, sem sentido.

Trago nelas rombos feitos p'la vida

Não as falo, mas também não calo.

E nesta noite perdida

Só na mudez dos olhos tristes

E também na voz ausente

Se sente!

Quero saber porque persistes?

Que depois de tanta lida

Tenha que seguir em frente.

Ontem gazela destemida

Hoje pomba com sono

E quando findar o Outono?

Como será? Responde-me Vida!

Deixar-me-ás o chão escorregadio?

Ou serei capaz de atravessar o rio?

Será um pântano meu chão?

Dos meus medos zombarás?

Não me mates de asfixia NÃO!

Mesmo assim caminharei!

Também de ti zombarei

Pois que já tanto me faz!

natalia nuno