AQUELA NOITE
Eu vi teu rosto naquela noite que jamais se repetiu;
E teu perfume me seguiu até os limiares desse agora;
Sinto-me por dentro e por fora assediado pelo toque que te sentiu;
Tal como um eco que se expandiu, igual jardim que aflora!
Eu já previa que para mim inesquecível tu serias;
Por isso relutava e resistia ao teu ímpeto curioso;
Fui homem cuidadoso, ponderador por mais que te queria;
E sempre que fugia, sabia ter motivo criterioso!
Mas o desejo não poupou a minha heróica serenidade;
Quando me vi já te sentia com intensidade e mergulhava em teu abismo;
Ficando em mim o teu sorriso, a tua extrema sensualidade;
E como um filho da ingenuidade, tombei tal como o meu juízo!
Agora vivo aprisionado pela tortura da recordação;
Pois não ganhei teu coração, sequer visito o teu pensar;
Aquela noite sempre estará anoitecendo minha solidão;
Queria ter o tempo em minha mão e ser capaz de meu passado apagar!
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