Andador errante
Onde vais com passos lentos, mas precisos
Olhos que transmitem tanta dor,
Ombros largos pesados, carregam o mundo
Na sacola, que firme prendes as costas com vigor?
Rosto triste sofrido, calado
De dias e dias corrido, chorado
Andas sem saber, porquê nem quando
Irás ou o que tens a fazer.
Só, nas noites frias e chuvosas
Buscas abrigos em bancos de praças
Ou em marquizes sem vidraças
Para dormir em leito de papelão.
Quanta lição me dás, bendito
Ao te ver sei o que é sofrer
Tenho tanto, tudo, e nada vale
Falta-me saber, o que é na verdade, não ter...
Lascas do meu primeiro livro.