A TEMPESTADE
Gélidas gotas espancam os vitrais da janela;
E a chuva me revela que muita coisa temos em comum;
Vivemos um jejum do tão sonhado sol que nos nega;
E abandonados na adega, somos um vulto bebum!
Ébrio de lágrimas sou eu, embriagada a chuva cai;
Tudo de nós que se vai tem claro aspecto tempestuoso;
Um horizonte tenebroso, um temporal que nunca se retrai;
E o frio interior não sai por culpa do mau tempo furioso!
Lá fora, exatamente como aqui, explodem trovões;
Amargas sensações, salobras como os pingos dessa tempestade;
Agora já é tarde e a noite vem com suas úmidas perturbações;
Calafrios e alucinações, medo dolorido da saudade!
A chuva incessante despenca intempestiva sobre mim;
E sei que nunca mais verei seu fim, porque levou o meu abrigo;
Achar aquele sol não mais comigo, chorar o adeus do querubim;
E por ser precisamente assim, é que o tempo bom partiu contigo!
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