Catavento

Tudo que meu tato escuta é nada mais que vermelho sangue.

Vou partir daqui antes que alguém lhe parta e arranque.

Ira e tédio se confundem com o frio que parte do mangue.

Juncos e jangadas navegam sobre o mais gelado fogo.

Torço para que, antes mesmo de mim, o quilombo chegue logo.

A caminhada está cansativa e o olhar me mostra o que rogo.

Trotando sobre nuvens negras. Quebrando ordens e regras.

Esqueletos tomam de volta suas peles com sangue e rédeas.

Pregos martelam onde todo ego conta mais do que as eras.

Rafael S P Valle
Enviado por Rafael S P Valle em 07/08/2006
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