Adeus

As mãos cálidas no gelo da noite

Acenava no espalhar dos ventos,

Resguardando o incessante lamento

E chorando o fatídico fim.

No olhar lânguido uma lágrima

Atormentado por lembranças

E o peito cheio de esperanças

Ao deixar-me espiando-te aqui.

E nessa hora meu silêncio grita,

Mostra-se em minha face o aceno,

Um adeus que somente era o vento

Que chegava e depois ia embora.

Cadáveres tomaram minha história

Uma futura vida oca e oscilada,

Pela angústia de se ver cobiçada

Pelos palcos da tão lícita aurora.

Se és para irdes eternamente

Então leva contigo meu coração,

Que frio e sem mais razão,

Assiste tua anela partida.

Rajadas no olhar avarento,

Me trazem de longe o teu adeus

E ao baterem nos olhos meus

Liberta o pranto d’alma sentida.

Pétalas caem no lagar que piso,

Viram esquecimento do talo

E volitivas, aglutinam seus abalos

Que tão vítreos misturam-se com os meus

E ao te ver partindo sem demora,

Sumindo por trás da tremeluzente dor,

Desfaço-me em lágrima sem cor

E torno-me miragem reluzente de um adeus.

Eduardo Costa
Enviado por Eduardo Costa em 06/08/2006
Código do texto: T210699