E CHOVE LÁ FORA...
Eu aqui neste quarto
sozinho estou, aqui trancado
fechado, recordando a vida
A chuva cai e molha o jardim
Uma chuva fina, miúda assim
teima em não cessar
Aqui neste espaço estou minha querida
Apenas lembranças tristes de um tempo de amar
Chove lá fora
A água tudo molha
Melancolicamente sento-me à janela
Apenas fico a apreciar a tristeza que ficou
não somente nosso quarto, como também o que em mim restou
Tua ausência de mim é como chuva a teimar
em deixar a umidade conta de tudo tomar
Coração vazio, corpo inútil desamparado
Espírito perdido, alma jogada a vagar
Nada restou, nada ficou além da saudade
Continua chovendo
Todo meu ser doendo
Sentindo a necessidade de ter você, te abraçar
e, no frio que esta chuva traz em você guardar
meus sentimentos, meu amor e então
ao te amar poder finalmente entregar meu coração
Continua chovendo
e, eu aqui a recordar de um tempo
não longínquo
mas desperdiçado no tempo, hoje, pela tua ausência
Tudo ao meu redor está inócuo
Nada me permite extravaso
pois em realidade, o acaso
encarregou-se finalmente em salutar pendência
deixar minha mente desprovida de razão
ficando assim meu coração
vazio, sofrido mas, inteiramente livre da paixão
Como a chuva fina que cai
as águas a lavar toda a rua
assim estou
Limpo, sem resguardo de sentimentos, pois, a saudade tua
de vez está acabando, e o sentimento não mais trai
um coração sofrido, um amor não compreendido
Continua a chover
Eu conformado deixo a água levar
lembranças, momentos vividos não querendo mais sofrer
Acabou-se o tempo e não pretendo mais amar
Continua a chover, continuo a te querer