2010
Eu aqui
frio de tanto frio
parte de mim
desaba
no rio
na onda, precipício
parte de mim resvala no vício
de ser alheio a meu mundo
e num segundo,
ser alheio
ao sonho
de sorrir para nada
e para cada
sonho tenho um plano:
matar o tempo
um por dia, um por ano
matar tudo o que devora meu dia
agora aqui
frio
harmonia
de tanto som desencantado
triste música para um dia
a endecha, o lamento, o fado
rios que habitam
dissonantes
o que em mim há de árido
de aflito
de constante,
o futuro
está em toda a parte.