Marcas de um Carnaval.

No carnaval azarado

Tudo deu errado

Estava sentado

Num banco quebrado

Quando vi meu pai

Sai algemado

Minha mãe em pranto

Saiu para um canto

E eu ali

Não quis ficar

Queria andar,andar

Até cansar.

Parei em um campo

Quase deserto

Certo que estaria só.

Para mim

Era o fim

Não havia carnaval

Nem folia

E muito menos alegria.

Sozinho na rua

Com a pele quase nua

Olhei a lua

Que olhava para mim

Com um jeito assim

Bem especial

Parecia me entender.

Deitei na grama

Como se fosse na cama

A lua acariciava meu corpo

Com seus raios luminosos

Como mãos de mãe

Tão carinhosas

Meu corpo dolorido

Logo adormeceu.

Acordei no outro dia

Com uma voz que dizia

Sai seu moleque

Deve está de pileque

Se arruma

E cassa sua turma

Levantei meio tonto

Agora pronto!

Estou com fome

Tenho que comer

Mas o que?

Não tenho dinheiro

Nem pro padeiro.

Tenho que pedir

Alguém vai me ouvir.

Pedi a algumas pessoas

Mas todas me deram as costas

Como resposta

Tinha que voltar.

Voltei,

Mas ninguém encontrei

Minha mãe tinha sumido

Para onde tinha ido

Não sei.

Só sei que sofri

Padeci

E quase morri.

Naquele morro

Só levava esporro

Sobrevivi

Mas no crime investi

Até quando vou viver

Não sei

Mas meu filho ensinei

Tudo diferente

Tem que ser gente

Cidadão do bem

Viver foragido

Não é vida pra ninguém.

Até hoje

O carnaval me machuca

Caduca minha alma

Que em pranto chora

A aurora de minha vida.

Dellu Carvalho
Enviado por Dellu Carvalho em 13/02/2010
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