Marcas de um Carnaval.
No carnaval azarado
Tudo deu errado
Estava sentado
Num banco quebrado
Quando vi meu pai
Sai algemado
Minha mãe em pranto
Saiu para um canto
E eu ali
Não quis ficar
Queria andar,andar
Até cansar.
Parei em um campo
Quase deserto
Certo que estaria só.
Para mim
Era o fim
Não havia carnaval
Nem folia
E muito menos alegria.
Sozinho na rua
Com a pele quase nua
Olhei a lua
Que olhava para mim
Com um jeito assim
Bem especial
Parecia me entender.
Deitei na grama
Como se fosse na cama
A lua acariciava meu corpo
Com seus raios luminosos
Como mãos de mãe
Tão carinhosas
Meu corpo dolorido
Logo adormeceu.
Acordei no outro dia
Com uma voz que dizia
Sai seu moleque
Deve está de pileque
Se arruma
E cassa sua turma
Levantei meio tonto
Agora pronto!
Estou com fome
Tenho que comer
Mas o que?
Não tenho dinheiro
Nem pro padeiro.
Tenho que pedir
Alguém vai me ouvir.
Pedi a algumas pessoas
Mas todas me deram as costas
Como resposta
Tinha que voltar.
Voltei,
Mas ninguém encontrei
Minha mãe tinha sumido
Para onde tinha ido
Não sei.
Só sei que sofri
Padeci
E quase morri.
Naquele morro
Só levava esporro
Sobrevivi
Mas no crime investi
Até quando vou viver
Não sei
Mas meu filho ensinei
Tudo diferente
Tem que ser gente
Cidadão do bem
Viver foragido
Não é vida pra ninguém.
Até hoje
O carnaval me machuca
Caduca minha alma
Que em pranto chora
A aurora de minha vida.