ÚLTIMA CEIA NO MÊS DE MARÇO

Agora só ouço sombras na escada sem degraus
De agora em diante estarei por conta dos ventos
Minhas velas que estavam desfraldadas já não existem
E o farol que iluminava meu caminho se apagou depois da tempestade

Hoje a última ceia chegou ao fim na lembrança
Que ficou viva nas entrelinhas da saudade
E que sempre arrancará uma lágrima
Que nascerá no encontro vazio com meu coração

Preciso semear as sementes que plantou no fundo do quintal
Em que as palavras viraram ensinamentos
Para serem vividos enquanto o sol brilhar
E no dia que passará com paisagens distorcidas pelo temporal

Ainda não era o tempo de partir e seguir seu caminho
Para a terra do sonho distante que se transforma em solidão
Para aqueles que ficam a acenar no último olhar do trem da esperança
Que entra no túnel escuro em busca da claridade que deve existir do outro lado