Limbo...
Tua escuridão...
Sei que sou teu submundo.
Seu ex-tudo, a sombra da tua vida...
O limo que sobe
Pelos teus esconderijos
Teu sótão, teu porão escondido,
A fatia a mais do bolo
O espaço entre o que é
O que sobra...
Seu olhar não é meu
Você enxerga através de mim
Na paisagem sou só mais um detalhe
A ser percebido ou não...
Sou um corpo a ser desfrutado
Mais um alicerce para teu ego
Um depósito de esperma
A ser utilizado...
Sou o seu negro lado
Um lago para sua luxúria
Onde mergulhas nu sem ser observado...
Sou sua fantasia degradante...
Mas não chego nem a ser amante.
Você sabia que gosto de flores?
Sabia que choro com histórias românticas...
Com as dores de amores?
Sabia que tenho um coração,
Que pulsa apresado na ânsia...
De ser amado, respeitado?
Não, tenho certeza que não sabe.
Você não sabe nada de mim...
No teu tempo de espera
Sou teu gozo... Tua masturbação
Sou para você apenas excitação.
Sou teu submundo
Tudo o que não pode ser...
Nunca teu momento de entrega
Sou tua página colada do livro.
Tua sala de espera.
O teu escapar pela janela
O teu silêncio é quebrado
Pelos meus gemidos aos teus ouvidos
Pelas palavras obscenas, desconexas...
Você sabia que eu gosto de flores?
Você nem sabe que existo
Sou seu tesão, o consolo do teu falo...
A única verdade
É que sou o contraste do teu certo
A forma hipócrita de seu desejo explodir
Longe das fronteiras de sua realidade
Longe das coisas bonitas que te cercam...
Sou o local de tua lascívia
Tua ruptura com as coisas corretas da vida
Era tua comida...
Teu tira gosto
Que devoras nas esquinas
Era...
Não sou mais!