O POEMA MUDO
Todas as vezes que eu me engano por obra do acaso;
Dá-se o ocaso de conflitos e atritos que me são pacificadores;
Eclodem gritos de aflitos terrores, nos quais me inalo;
E assim me calo para evitar que surjam nossos horrores!
Tento apagar da memória lembranças de fatos que nunca vivi;
Resgatar lágrimas de quando sorri e também perseguir o meu reajuste;
Por mais que me custe, tentar sem jamais desistir;
Pra dizer a mim mesmo que eu não menti e fiz tudo que pude!
Desço sem compaixão pessoal aos porões de meus telhados;
Nado em desertos molhados de infinidade compactada;
Desferindo uma profunda apunhalada nos descaminhos trilhados;
Filhos legítimos de pais bastardos, paridos pela mente que me metralha!
E que ninguém me pergunte a razão desse poema mudo;
O amor é o culpado por tudo e eu só quero o meu grito de volta;
É isso que me importa e não abrir a porta de meu casulo;
Só me anulo porque vi a vida dando um pulo, e ela estava morta!
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