E UM ANJO CHOROU...


Quando viu a menina flor,
Encolhida num canto - corpo franzino,
Vivenciando o absurdo da dor,
Indignada com seu destino.

Quando ouviu o seu clamor,
Cortante como o ressoar do sino,
Porque me deixou senhor, ao dispor,
De um ser desumano, do seu desatino!?

Quando tocou a alminha com o frescor,
De um orvalho hialino,
Usada por um monstro dominador,
Olhar tenebroso - gelado - vulpino.
...

E o anjo sentiu-se culpado, não foi protetor,
Derramou um lamento clandestino,
Voou sem rumo, sem esplendor,
Sim - chorou como um menino.