O narcisismo dos teus olhos

Como Narciso que ao que não fora espelho renega,

Tu, com teu egocentrismo infantil e mutante

Procura teu reflexo de instante em instante

No meu semblante vulgar que a ti se apega.

Não te canses! A menos que a mim encante

Serei eu um espelho e tu uma jovem cega,

Que com olhos mágicos, que só a ti enxerga,

Mutila corações, de amante em amante...

Por favor, poupa teus miseráveis esforços,

Não abras teus olhos encantados para mim.

Pois se abrires, somente encontrarás destroços;

Restos de um amor, paraíso em seu fim!

Que, esquelético, cadavérico, em seus ossos

Deixará a nobre herança de um ser ruim.