ENTRE VÍBORAS E VERSOS

Entendo como temerária a ventura de fender os mares dos conceitos;

Pensando em nunca ofender a ditadura dos preceitos, muitas consciências se amordaçam;

Elas pifiamente disfarçam perante tantos condenáveis feitos;

E servem ao altar dos preconceitos, porque os sinos da verdade lhes ameaçam!

Sinto-me ilhado e acercado por penínsulas sombrias de víboras;

Almas frívolas, gente de caráter venturoso mui ausente;

Nada têm de duvidosa e sim de evidente as suas obscuridades rígidas;

Caricatas veias frígidas de um sangue injurioso e indecente!

Dessa plebe decaída sai o mercado consumidor de uma vileza sem rastro;

Na face tem um lastro, na mão a pedra polida pela covardia;

Fuzileiros da galhardia de quem se ostenta em maculado alabastro;

A expandir seu infeccioso facho, alumiando íntimas hordas de tirania!

Eu repudio a torpe gadaria que se traveste em lã sem confiabilidade;

Sou filho de um mundo cuja alcunha é lealdade, sou neto da prudência;

Com ou sem jurisprudência eu não defiro a truculência que agride a humildade;

De um lado farta poesia me invade, porém do outro a peçonha é intensa!

"Carapuças perfeitas são precisamente aquelas

que julgamos não servirem"

(Reinaldo Ribeiro)

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Reinaldo Ribeiro
Enviado por Reinaldo Ribeiro em 27/01/2010
Reeditado em 28/01/2010
Código do texto: T2054397
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