ENTRE VÍBORAS E VERSOS
Entendo como temerária a ventura de fender os mares dos conceitos;
Pensando em nunca ofender a ditadura dos preceitos, muitas consciências se amordaçam;
Elas pifiamente disfarçam perante tantos condenáveis feitos;
E servem ao altar dos preconceitos, porque os sinos da verdade lhes ameaçam!
Sinto-me ilhado e acercado por penínsulas sombrias de víboras;
Almas frívolas, gente de caráter venturoso mui ausente;
Nada têm de duvidosa e sim de evidente as suas obscuridades rígidas;
Caricatas veias frígidas de um sangue injurioso e indecente!
Dessa plebe decaída sai o mercado consumidor de uma vileza sem rastro;
Na face tem um lastro, na mão a pedra polida pela covardia;
Fuzileiros da galhardia de quem se ostenta em maculado alabastro;
A expandir seu infeccioso facho, alumiando íntimas hordas de tirania!
Eu repudio a torpe gadaria que se traveste em lã sem confiabilidade;
Sou filho de um mundo cuja alcunha é lealdade, sou neto da prudência;
Com ou sem jurisprudência eu não defiro a truculência que agride a humildade;
De um lado farta poesia me invade, porém do outro a peçonha é intensa!
"Carapuças perfeitas são precisamente aquelas
que julgamos não servirem"
(Reinaldo Ribeiro)
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