Tão de longe
Tão de longe o sol de põe...
Tão de longe vejo o sol se esconder atrás de pedras,
que parecem impossíveis de serem alcançadas...
Tão de longe procuro no laranja morto do sol
o brilho vivo do cinza da lua.
O restante do céu me parece tão morto;
assim como as pessoas que estão a minha volta.
O raio de sol que antes me aquecia
agora me encosta e me deixa com frio.
Raio gelado,
corpo gelado,
corpo morto,
sentimentos mortos.
Do alto da pedra tento buscar o sol,
buscar a luz,
buscar o que me aquecia,
o que me fazia sentir bem.
A pedra está gelada
e nela vou deslizando, lento,
até chegar ao chão.
Como que por sincronia, uma lágrima cai.
Lavando a alma, o corpo, os sonhos, o chão.
E quando me dei conta,
o céu chorava junto comigo.
Molhava meu corpo e meu cabelo pingava.
A pedra estava escorregadia e não conseguia me mover,
preferi não me mover.
As ondas batem nas pedras com mais força
e isso me assusta...
Tenho medo, preciso sair,
tenho medo de cair daqui de cima.
Tenho medo de despencar assim como minhas lágrimas para o nada,
para onde tudo se mistura e não se separa...
Juntando forças fico de pé,
quase caio,
olho para frente e vejo que o sol já se foi por completo.
Procuro a lua, ela não está lá.
Em lugar nenhum, não tinha nuvens,
ela simplesmente não estava.
Agora, o choro vem acompanhado de intermináveis soluços.
Junto com uma estrondosa trovoada
caio deitado no chão.
Tento, em vão, tocar o céu.
Ali permaneço, imóvel, triste,
dolorido, pensativo, solitário...
Aguardo, sem pressa,
deitado na chuva, chorando,
a lua aparecer,
o choro secar,
você chegar.
Aguardo, sem pressa,
deitado na chuva, chorando,
o brilho vivo do cinza morto da lua.