Funeral
Sim, é um enterro
Posso chamar de funeral pra pensar que, por um momento, é mais importante
Mas é o primeiro que me emociono
É o primeiro que aprecio
Talvez por ser meu também, mas só talvez
Sinto que conheço aquele que chora bêbado, sabia que seria a maneira dele lidar
E sei bem por que aquela tão alva sorri
Sorri forte e bravamente
Quem é este que canta? Quem são estes que dançam?
Onde estão os que não vieram?
Motivos importantes tiveram... Com certeza tiveram
Ou não
Vejo quando pesados estão meus olhos
Mas que não perdi aquele riso tosco e incontido de canto de boca
Que mostro em momentos inconvenientes para fingir me sentir bem
Não havia como não me imortalizar com o sorriso que usei a vida toda
Aquele que soltava toda vez que me olhava e não conseguia evitar
De deixar escapar por entre meu rosto forçado
Quem são todos com olhar de triste pesar
E qual deles foi o primeiro a chorar?
Quem foi que disse frases nobres?
Quem disse me conhecer e que não era pobre
Nem de espírito nem de alma talvez de jeito e de palavra
Quem disse que me acordava noites inteiras pra conversas passar e da vida falar?
Quem planejou comigo?
E quem de bom ficou?
Quem a atenção perdeu quando comigo sonhou?
Quem comigo fingiu?
E quem comigo fugiu?
Qual deles comigo bebeu, olhou a lua e sorriu?
Quem deles comigo estava durante a primeira queda?
Quem comigo se apaixonou?
E quem não continua todo o dia.
Quem não...
Quem não me viu chorar?
Quem não me viu sofrer?
Quem não me viu gritar?
E agora ali parado
Congelado sobre olhares de pena nojo amor e medo
Sinto-me vivo
E diante de loucos desconhecidos
Levanto-me em palavras e digo:
Bom tê-los e conhecê-los
Não tenho amigos
Por que apenas o que faço
É no durar eterno de passar no controle por todos os canais
Fingir diversas interações sociais.