Partiste, Meu Amor, Partiste, Partiste…
Este é para Ti, Tu sabes quem és e o que és para mim…
E Foi Então
Que surgiu
O Grande Equinócio
Eclipse
Da luz
De parte do sou
Dor tão grande
Que pára até
A vontade de chorar
Era um sinal
Já visto
Há mil anos
De contigo
Ter que deixar de sonhar…
Porque a história
Absurda
E cruelmente
Teima em se repetir
Por muito que eu lute contra ela
Sou sempre derrotado
E tal me obriga
A seguir a palavra
Mais odiada
De uma forma vil
Visceral
A palavra
“Desistir”
Pela simples razão
De que quando morrem os sonhos
Morre a grandeza
Morre uma parte de nós
Surgindo então
O momento mais temido
Em que nos encontramos
Realmente Sós…
E a solidão
Meu Amor
Assusta-me tanto
A coisa que mais me mete medo
Apesar de ser uma espécie de solitário
Quando a olho
Olhos nos olhos
Sinto-me numa espécie
De cruel degredo
Sinto-me pois
Tão só
Tão abandonado
Sinto-me
Da minha alma
Do meu infinito sentir
Espoliado
Sinto uma dor
Que não sei como exprimir
Como ao mundo
Ou a ti
Demonstrar
E a escrita
Apenas
Infimamente
Serve de veículo
Descoordenado
E sem rumo
Na escuridão que me envolve
Como se tal
Fosse um típico
E inenarrável Fado
Pois estou oco
Completamente seco
A alma foi-me usurpada
E o coração
Partido em mil bocados
Que terei
Novamente de colar
Com uma força
Que dizem que tenho
Mas que julgo
Não a saber
Agora encontrar
As palavras
As estrelas
O amor
As asas
E mesmo
O Divino
Existem algures
Dentro
Do que sou
Mas nada
Nada
Tem lógica
Faz um mínimo
De significado
Por me sentir
Assim
Assombrosamente triste
No meu lugar comum
De eterno abandonado
Sim…
Amo-te
Até ao mais ínfimo do meu ser
À mais pequena
E sensível partícula
Amo-te
E o pior
É saber
Que existes
E existirás
Mas algures
Longe de mim
Estou perdido
Numa espécie
De limbo
Nada sei
Nada faz significado
Sei apenas que
Partiste, Meu Amor, Partiste, Partiste…