Amores sem Tempo
 
 
E era amor, delicado cristal
Que fez-se vidro, caiu ao chão
E se quebrou.
 
Pequenos cacos de fingida beleza.
Pó brilhante, fragmentos de luzes,
Mas que era vidro e se quebrou.
 
Ficaram apenas fotografias vencidas,
Patéticas figuras emolduradas em espelhos,
Como momentos deglutidos pelo tempo.
 
E no caos de cada um,
Perderam-se no anárquico relevo urbano,
Por entre sinfonias de pneus no asfalto.
 
Rostos sem faces na cidade impessoal,
Rotos de emoções, em meio a rústicos postes.
Nem mesmo uma árvore, ou um pássaro.
 
Amor urbano, paixão contemporânea.
Nada de bucólico, sem tempo para lágrimas,
Sem espaço para lamúrias, pois já foi.
 
Bendito é o desenho urbano que oculta.
Maldita é a cidade que despreza a dor,
Não tem tempo para poder ter descanso.
 
E o amor, ora, o amor é apenas mais um,
Um perdido no silêncio de muitas vozes,
Um inepto em meio aos gestos sem afeto.
 
Então na dor que não teve tempo de ser,
No sorriso apressado que invadiu o rosto,
Nas palavras educadas de cada um.
 
Longe vai uma janela aberta,
Num edifício perdido na selva de pedra,
Num olhar que insiste em lacrimejar.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 15/01/2010
Reeditado em 13/10/2017
Código do texto: T2031426
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